Em 1974, vindo do Rio para visitar minha família, eu soube que meu irmão estava muito envolvido com drogas. Meus pais haviam tentado, pelos seus meios, tirá-lo do vício e, não tendo êxito, desistiram. Meu pai tomou a decisão de que enquanto ele vivesse no vício nao moraria em sua casa. Após vários conflitos com a família meu irmão encontrou a casa de alguém pra morar, de vez em quando visitando minha mãe e irmãos enquanto meu pai estava no trabalho. Alguns dias que eu estava com eles, fui procurar um lugar pra trabalhar, afim de nao dar despesa e também juntar dinheiro pra voltar pro Rio de Janeiro. Logo comecei a trabalhar numa lojinha de artesanato embaixo do viaduto da Borges (uma rua em Porto Alegre). Um dia, perto do horário do almoço, meu irmão apareceu lá pra me pedir dinheiro emprestado pois dizia estar com fome, e eu, sem pensar, fiz um vale e dei o dinheiro a ele, que foi embora contente. Também fiquei feliz, porque havia dado dinheiro pro meu irmão comer e assim ele nao iria usar drogas. Santa inocência!!!!! O dinheiro que eu dera era exatamente pra ele almoçar a droga e por alguns dias eu dei o dinheiro mesmo sabendo que ele nao iria me pagar. O dinheiro que eu dava a ele era para meu almoço, mas eu nao deixava de almoçar...os pais da proprietária da lojinha tinham uma lanchonete numa rua próxima, então eu ia até lá, almoçava e ajudava a lavar a louça para pagar a minha comida. Fiz isso até o dia em que percebi meu irmão muito agitado quando chegou à loja, atrapalhando meu atendimento a um cliente, o que nao agradou a proprietaria e ela me pediu que nao o recebesse mais em horário de trabalho. Pedi pra ele me esperar na rua e quando saí perguntei por que estava com aquele comportamento estranho, e ele disse que precisava da droga e que eu devia dar o dinheiro logo porque tinha um cara esperando ele na próxima esquina com a droga. Foi aí que minha ficha caiu...disse a ele que a partir daquele momento nao daria dinheiro na sua mão, se ele quisesse comer eu o levaria ao restaurante, esperaria ele comer e pagaria o almoço. Ele concordou e sei que foi pra ganhar minha confiança, mas pelo menos umas quatro vezes na semana ele vinha almoçar.
Um dia chegou um estoque de mercadorias no horario do almoço e pedi pra ele ficar na loja ao lado me esperando pra minha chefe nao reclamar, sendo que eu já havia comentado com o proprietario dessa loja sobre o meu irmão e o problema com as drogas. Sua loja era de discos e livros evangélicos. Quando saí para encontrá-lo, pensei que havia ido embora ao perceber que eu o havia mandado para uma loja de crente (evangélicos), qual foi minha surpresa ao vê-lo sentado escutando música gospel e contando seus problemas ao Messias (esse era o nome do proprietário da loja ). Levei ele para almoçar e depois do almoço ele voltou pra loja de discos, ficou a tarde na loja e saiu com o Messias o que me deixou muito apreensiva por saber que ele estava fazendo uma coisa que criticava. No outro dia soube pelo Messias que ele havia ido ao encontro de jovens drogados que tinha todas as noites na ACM. Temendo que ele tivesse ido pra ganhar a confiança e depois agir de má fé com uma pessoa que o estava querendo ajudar, ao saber que ele iria à reunião novamente eu decidi começar a frequentar tambem pensando assim intimidá-lo se estivesse com segundas intenções. Isso me trouxe problemas em casa. Meus pais, ao saberem que eu o estava ajudando e iria frequentar as reuniões, disseram que ele nao iria mudar e eu estava dando desculpas pra chegar tarde em casa. Eu disse que iria porque queria ajudar meu irmão, então meu pai disse que se eu nao estivesse em casa até determinado horário, não iria entrar mais, porque a porta estaria trancada...e várias vezes dormi na escada da porta dos fundos porque chegava tarde e não podia entrar, até a noite que cheguei e estava muito frio. Sentei na escada e no meio da noite minha irmã mais velha levantou para ir ao banheiro que ficava do lado de fora da casa. Pedi, implorei pra ela deixar eu entrar pois estava cansada e tinha que ir cedo pro trabalho, mas la em casa ordens eram ordens e tinham que ser cumpridas. Levantei do degrau em que estava sentada, entrei porta a dentro, acendi a luz do quarto dos meus pais e eles acordaram assustados sentando na cama. Eu disse que estava chegando tarde porque a reunião terminava às dez e meia e ainda esperava o ônibus e nao iria ficar toda noite dormindo do lado de fora da casa se estava ajudando o filho deles. Minha mãe disse que ele nao iria mudar, que estava me enganando como costumava fazer com as pessoas e se eles que eram pais nao conseguiram que ele mudasse, porque eu pensava que iria conseguir? Foi então que coloquei os joelhos no chão e disse que nem eu, nem eles iriamos conseguir, mas que Jesus eu tinha certeza que iria tirá-lo das drogas. Eu disse isso com tanta força que com certeza foi um clamor à misericordia de Deus.
Como tudo está escrito, dois dias depois chega em Porto Alegre, vindo da Pensilvânia fazendo um trabalho com jovens drogados, Billy Graham e um grupo de missionários oriundos de varios paises. Eles fizeram um grande congresso no ginásio da brigada militar, e claro que nós estávamos lá junto com o Messias. Meu irmão foi ao centro do ginásio quando chamaram quem quisesse se libertar dos vícios. Os missionários oraram fortemente pelos muitos jovens e hippies. Após isso, foram pra algum lugar onde passaram a noite em vigília de oração. Messias e meu irmão foram à vigília, eu, porém, fui para casa. Soube que o grupo fora para Novo Hamburgo (uma cidade pequena perto de Porto Alegre) e que meu irmão estava com eles(agora Messias estava no comando), mas eu o veria no domingo pela manhã se quisesse porque iriam se encontrar numa igreja. Claro que domingo eu estava lá, e vi meu irmão cantar uma música que ele compôs nesses dias, e pude sentir o quanto estava feliz. Imediatamente me deu um aperto no peito ao saber que logo iriam embora e o medo dele voltar pras drogas me levou a pedir ajuda a uma missionária responsável pelo grupo. Expus o problema, meus temores e a necessidade de ajuda, de apoio. Ela prontamente disse que iria falar com meus pais e disse a ela o que ouvi do meu pai. Pedi que ajudasse ele e que esquecesse da familia, que focasse nele. Marcamos encontro no outro dia e ficou decidido que ele ficaria morando no alojamento com os jovens em Novo Hamburgo, mas ele teria que trabalhar para pagar o local e teria quinze dias pra isso. Eu me comprometi a procurar emprego, conversei com ele e soube que numa loja de carros em outra cidade vizinha tinha vaga. Para minha surpresa ele foi e ficou empregado. Para ter certeza que ele estava trabalhando, muitas vezes no horário do almoço eu pegava o ônibus e ficava observando de longe se ele estava no trabalho.
Como tudo está escrito, dois dias depois chega em Porto Alegre, vindo da Pensilvânia fazendo um trabalho com jovens drogados, Billy Graham e um grupo de missionários oriundos de varios paises. Eles fizeram um grande congresso no ginásio da brigada militar, e claro que nós estávamos lá junto com o Messias. Meu irmão foi ao centro do ginásio quando chamaram quem quisesse se libertar dos vícios. Os missionários oraram fortemente pelos muitos jovens e hippies. Após isso, foram pra algum lugar onde passaram a noite em vigília de oração. Messias e meu irmão foram à vigília, eu, porém, fui para casa. Soube que o grupo fora para Novo Hamburgo (uma cidade pequena perto de Porto Alegre) e que meu irmão estava com eles(agora Messias estava no comando), mas eu o veria no domingo pela manhã se quisesse porque iriam se encontrar numa igreja. Claro que domingo eu estava lá, e vi meu irmão cantar uma música que ele compôs nesses dias, e pude sentir o quanto estava feliz. Imediatamente me deu um aperto no peito ao saber que logo iriam embora e o medo dele voltar pras drogas me levou a pedir ajuda a uma missionária responsável pelo grupo. Expus o problema, meus temores e a necessidade de ajuda, de apoio. Ela prontamente disse que iria falar com meus pais e disse a ela o que ouvi do meu pai. Pedi que ajudasse ele e que esquecesse da familia, que focasse nele. Marcamos encontro no outro dia e ficou decidido que ele ficaria morando no alojamento com os jovens em Novo Hamburgo, mas ele teria que trabalhar para pagar o local e teria quinze dias pra isso. Eu me comprometi a procurar emprego, conversei com ele e soube que numa loja de carros em outra cidade vizinha tinha vaga. Para minha surpresa ele foi e ficou empregado. Para ter certeza que ele estava trabalhando, muitas vezes no horário do almoço eu pegava o ônibus e ficava observando de longe se ele estava no trabalho.
O tempo foi passando e ele se firmando na fé e muito ligado a essa missionária da Suécia. Ela me prometeu ajudá-lo e esteve sempre do seu lado, pois ficou residindo em Novo Hamburgo. Algumas mudanças aconteceram e meu irmao foi morar num quarto no apartamento dela. Uma vez estive lá e ela me contou que ele havia se drogado mas que ela lhe dera um voto de confiança, depois nunca mais. Quando vi que ele estava bem e já noivo da missionária, parti para o Rio de Janeiro. Um tempo depois recebo uma carta dele dizendo que tinha uma filha de dois meses (a Gabriela) e logo partiriam pra morar na Suecia. Firmaram residencia em uma cidade pequena e quando a menina tinha dois anos nascia um menino (o Kalle). Quando a Gabriela tinha quatro aninhos e o Kalle dois, no dia vinte de junho de 1979, meu irmão faleceu por problemas de saude, aos 28 anos de idade. Foi enterrado na Suécia. Sua esposa não casou novamente. Só conhecemos a Gabriela e o Kalle em 1990, quando eram crianças ainda; hoje em dia, porém, já estão casados e com filhos lindos.
Gabriela e seu marido, Daniel, e seus filhos, Harald e Hugo.
Kalle e sua esposa, Magdalena. Abaixo, seus filhos Mio, Sam e Yasmine.
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